O Brasil vive atualmente uma de suas mais emblemáticas guerras ideológicas (um tanto quanto modesta, confesso). De um lado, o grupo de comédia "Porta dos Fundos", que mantém um canal no site de vídeos YouTube, e de outro, seus ferrenhos opositores. No meio da briga, fãs e críticos, defendendo-os e atacando-os. Tudo porque o referido grupo resolveu, há certo tempo, emplacar esquetes que satirizam ou ridicularizam situações do cotidiano religioso de fiéis (mais propriamente, Cristão) ou passagens bíblicas. A briga assumiu tamanho vulto, que grupos religiosos já buscam no Judiciário meios para coibir a disseminação desse tipo de material e, por outro lado, membros do grupo atacam e zombam de autoridades eclesiásticas.
O que não pode faltar, nesses casos, é o bom senso. Se os caras não querem seguir nenhuma religião, beleza, direito deles. Se querem ser ateus, ninguém tem nada com isso. Mas esse fato não lhes dá o direito de "agredir" desnecessariamente quem opta por cultuar seu credo. Mais ainda, há de se ter claramente o conceito do sagrado e saber que em determinados assuntos não se toca levianamente. Diz a cultura popular que "mãe é algo sagrado". Sendo assim, ninguém tem o hábito de "atacar" ou "zombar" a mãe alheia. E não é porque não tem mãe, que alguém se julga no direito de ridicularizar quem tem e a admira. Religião e fé são a mesma coisa. Ninguém é obrigado a seguir e cultuar nenhuma religião, mas saber respeitar o espaço e, principalmente, o que é sagrado para o outro, é uma grande demonstração de civilidade e respeito ao próximo. O humor é campo vasto e pode ser explorado em inúmeras vertentes, basta escolher. Não precisa ser necessariamente nessa.
Pois é, Porta dos Fundos, apesar da legião de fãs e dos elogios ao trabalho de vocês, uma coisa não se pode negar: vocês pisaram, e feio, na bola! Ponto negativo. Demonstrem verdadeiro talento para o humor sem agressões, vocês conseguem.
E a Rede Globo, por onde anda?!
Há pouco mais de uma década, na história do nosso país, outra cena chocou e chamou a atenção das pessoas para os problemas de ordem religiosa. Um bispo da Igreja Universal do Reino de Deus, em seu programa transmitido nas madrugadas da Rede Record, chuta e amaldiçoa uma imagem de Nossa Senhora Aparecida, em claro e notório gesto de agressão à fé católica. A Rede Globo não perdeu tempo e transmitiu em pleno horário nobre, no Jornal Nacional, matéria de repúdio a esse infeliz ato. Estaria a Globo defendendo a fé católica? De jeito algum! Seu interesse era apenas o de atacar e desmoralizar um dos maiores grupos de comunicação do país e principal concorrente direto. Maior prova disso são os fatos atuais, onde a mídia noticia tais acontecimentos e a Globo, quietinha, se faz de desavisada, sem mencionar uma nota jornalística sequer sobre o assunto. Tudo porque o queridinho Fábio Porchat e sua trupe estão à frente do projeto e qualquer tentativa de denegrí-los significaria um tiro no próprio pé. Péssima postura, lamentavelmente.
