“Interessante observar o que a cultura do brasileiro médio reza: nada é errado até que dê errado.
As pessoas desrespeitam as leis de trânsito, enganam seus cônjuges,
roubam no imposto de renda, subornam e vivem como se a maioria das leis
não se aplicassem a elas, mas são as primeiras a apontar o dedo quando
alguém, que faz as mesmas coisas que elas, comete o erro sacro de deixar
que dê errado.
Num país que leva o
clássico ditado popular ‘Vergonha é roubar e não poder carregar’ ao pé
da letra, onde estaria a indignação se o vocalista da banda tivesse tido
êxito em sua performance e nada acontecesse? Quem levantaria a voz para
o absurdo de um show pirotécnico num ambiente como aquele? Quem
protestaria ao entrar no bar e constatar que o mesmo não possuía saídas
de emergência suficientes?
Porém, como nada é errado até que dê
errado, ninguém diz nada, nem reclama de nada, pois todos querem ter o
mesmo direito de fazer o errado sem serem importunados pelos outros.
A ironia está no fato de que quando dá errado, e sempre,
inevitavelmente, um dia, dará errado, percebemos todas as nossas mazelas
reveladas na falha do outro e rapidamente julgamos e condenamos,
aqueles que acreditamos serem os culpados, com uma fúria e ira
incompatíveis com nossas próprias práticas.
Cabe agora uma reflexão cultural.
Quem somos, por que somos e o que queremos ser?
Um povo que chora o evitável ou uma nação que evita o mal?
Tenham todos, na medida do possível, uma ótima semana.Deus seja!”
Texto de autoria de Fábio Sampaio, publicado em seu perfil no Facebook (www.facebook.com/fabiosampaio) em 28/01/2013.
Rumo ao paraíso...
Há 12 anos